Os dois componentes dos carros de F1 foram projetados para literalmente salvar a vida dos pilotos
Escrito por Isabele Farias
Revisado por Isadora Guerra
O carro de Fórmula 1 é uma estrutura muito versátil e seus componentes devem conversar entre si para que as equipes tenham resultados de alta performance com o máximo de segurança possível. Eis então que, depois de muitos acidentes e mortes, surgiram elementos que são extremamente essenciais para proteger os pilotos: primeiramente o Santo Antônio (1961) e, nos últimos anos, o Halo (2018).
Santo Antônio
Esta peça não é uma novidade na F1, já que passou a ser obrigatória a partir de 1961 (acima da cabeça do piloto a partir de 1968). Mas sua fixação efetiva no chassi ocorreu apenas em 1990. Ele é um componente de função estrutural, aerodinâmica, comunicação e de segurança. Trata-se da peça do carro que fica acima da cabeça do piloto e é responsável por protegê-lo de um primeiro impacto em caso de acidentes. Inclusive, há de ter as medidas de acordo com a posição do piloto. Normalmente, as equipes usam o bom e velho método de um pedaço de madeira de acordo com as regras para verificação.
A estrutura possui dois principais formatos: “hoop” (aro) e “blade” (lâmina). Essas variações vêm de questões de aerodinâmica e peso adicionado ao monoposto. Não há uma definição obrigatória sobre o formato, porém, ambos devem passar nos testes da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Detalhe importante: a peça é fixada separadamente. Feita em titânio, as equipes usam uma espécie de “cola” de alta aderência para instalar o Santo Antônio na célula de sobrevivência (ou também podem aparafusar).
Para liberação do chassi pela FIA, a peça deve estar fixada na célula de sobrevivência e deve ceder no máximo 25mm da carga e 100mm (10 cm) abaixo do topo da peça, se medido verticalmente. O componente também sofre testes de impactos frontais, laterais e superiores. A carga para cada tipo é de 6, 7 e 10,5 toneladas, respectivamente. Para ser aprovada, a peça tem que aguentar esta força aplicada em menos de 3 minutos e ser mantida por 10 segundos. A partir de 2023, a FIA passou a exigir um formato mais arredondado no componente, para que tenha maior aderência ao virar de cabeça para baixo, a fim de que não quebre ou se descole do carro.
Halo
Pesando entre sete e 14 quilos, o Halo é a parte mais forte de um carro de corrida de F1. Introduzido na categoria a partir de 2018, é uma barreira de titânio localizada no cockpit dos pilotos e serve para evitar pancadas na cabeça, além de suportar impactos em casos de capotamento. O Halo sustenta uma pressão de até 12 toneladas, que pode ser representada por um ônibus de dois andares, por exemplo. A medida de segurança implementada pela FIA vem se mostrando uma peça fundamental para a vida dos pilotos, evitando lesões graves e até mesmo novas mortes nos circuitos.
Momentos em que eles mostraram ser indispensáveis
O caso mais recente dentro da F1 ocorreu em Silverstone, em 2022. Na largada do GP da Grã-Bretanha, George Russell acabou colocando sua Mercedes muito em cima de uma AlphaTauri, até então de Pierre Gasly, e levou um toque do francês, terminando com um choque em Guanyu Zhou.
O forte impacto fez com que o carro da Alfa Romeo fosse parar de lado antes de capotar algumas vezes no ar, destruindo o Santo Antônio, enquanto o Halo sustentou o impacto até o fim. Dessa forma, o piloto chinês saiu do incidente sem grandes problemas.
Outro exemplo clássico de que o Halo é necessário ocorreu em 2021. Max Verstappen e Lewis Hamilton, que disputaram o título mundial até a última corrida da temporada, se chocaram no GP de Monza (Itália). A roda dianteira de Verstappen ainda estava se movendo quando passou por cima do capacete de Hamilton e o Halo evitou que o contato pudesse ser fatal.
Quem não se lembra do acidente de Romain Grosjean no GP do Bahrein, em 2020? O piloto bateu sua Haas ao sair na curva três na primeira volta, colidindo contra a barreira do lado direito da pista a 221km/h com uma força brutal de mais de 50G. A colisão com a barreira partiu o carro em dois e causou um grande incêndio. Ele conseguiu escapar rapidamente e foi recebido pela equipe médica da FIA, com o monocoque de seu carro permanecendo alojado no meio da barreira.
F2 registra acidente grave recentemente
No fim de agosto, na Holanda, assim que a largada em movimento da corrida sprint foi autorizada, houve um acidente. Depois de uma volta atrás do Safety Car, Kush Maini (Campos Racing) acertou Jak Crawford (Hitech) em meio ao spray causado pela chuva e voltou à pista como passageiro. Ralph Boschung, sem qualquer visibilidade, pegou o companheiro de equipe de frente. O forte impacto fez o carro do indiano ficar por cima do bólido do suíço. Mais uma vez, o Halo evitou que uma tragédia acontecesse. Boschung desceu apenas mancando e segurando as costas.
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